Famosa por ser a “favela dos artistas”, o Vidigal tem uma história muito interessante e ligada a bairros nobres do Rio. Além disso, outros acontecimentos importantes para a história do Brasil passaram pelas ruas da comunidade.
O nome Vidigal vem bem antes de a comunidade existir. No século XIX havia um guarda real da Polícia da Corte que se chamava Miguel Nunes Vidigal. Major Vidigal era o típico policial linha dura e assustou muita gente nas ruas do Rio de Janeiro.
Miguel Nunes Vidigal se tornou tão lendário que foi citado no livro “Memórias de um Sargento de Milícia”, sendo o único personagem real do romance escrito por Manuel Antônio de Almeida.
Não se sabe ao certo quando a comunidade passou a levar o nome do ex-policial, contudo, relatos indicam que Miguel Nunes ganhou de presente de monges as terras onde hoje se encontra o Morro do Vidigal. A área virou a “Chácara do Vidigal”.
“Até os anos 1960, a região era conhecida como ‘Portão do Anglo’, em referência ao Colégio Anglo-Brasileiro, instalado ali em 1911, ou como ‘Favela Rampa da Niemeyer’” informa Sérgio Bloch em um livro sobre as favelas do Rio de Janeiro.
A construção da Avenida Niemeyer, em 1922, e o desenvolvimento dos bairros Leblon e Ipanema, anos 1960, contribuíram bastante para o crescimento populacional e físico do Morro do Vidigal.
Em 1968, um hotel de luxo, construído perto do Morro, tentou fazer com que a Praia do Vidigal fosse exclusiva dos hóspedes do estabelecimento. No entanto, após uma briga na justiça, os moradores da comunidade ganharam a causa e Praia seguiu pública.
Lembrada como “favela dos artistas”, o Vidigal é berço do grupo “Nós do Morro”, fundado em 1986. Nessas décadas de atuação, o grupo já realizou grandes trabalhos e revelou muitos artistas talentosos, alguns com visibilidade internacional, como os que participaram do filme “Cidade de Deus”, considerado por muitos a maior produção da história do cinema brasileiro.
Em 1980, o Papa João Paulo II, em visita oficial ao Brasil, foi ao Morro do Vidigal. O ex-líder da Igreja Católica até tomou um cafezinho em um dos barracos da comunidade, casa da já falecida Dona Elvira, que de acordo com moradores do Morro, sempre se orgulhou muito desse acontecimento.
“A capela São Francisco de Assis, na região do Vidigal, passou a ser chamada de ‘Capela do Papa’. Tem uma placa lá, lembrando esse dia histórico para todo o povo brasileiro” frisa o historiador Maurício Santos.
Atualmente, o Vidigal também é conhecido pelas festas que acontecem no Morro. Sobretudo as que são realizadas no topo da comunidade, de onde se tem uma das vistas mais bonitas da cidade do Rio de Janeiro.